De olho nos Jogos Olímpicos
e Paralímpicos Rio-2016, o Ministério do Esporte resolveu criar uma ferramenta
para avaliar as confederações esportivas brasileiras e, assim, buscar a
melhoria da gestão do esporte no país.
Ainda
em caráter experimental, o Sistema Nacional de Análise e Avaliação de
Modalidades (nome provisório) utiliza formato de pontuação similar ao que os
bancos aplicam para determinar a fidelização do cliente. São estipuladas
perguntas, cada resposta tem uma pontuação e cada item tem um peso. Com isso, o
governo federal espera identificar os problemas, entendê-los e achar as
soluções.
“É
a primeira vez que o governo encara concretamente a questão da governança no
esporte, um tema que interessa a atletas, clubes, entidades, patrocinadores e
ao poder público”, afirmou o secretário nacional de Esporte de Alto Rendimento,
Ricardo Leyser.
Desenvolvido
pela Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento (Snear), o sistema foi
testado este ano e passa por ajustes. A avaliação tem sido aplicada às confederações,
mas espera-se também a ampliação para federações e clubes. A ideia do
Ministério do Esporte é a de que o sistema seja implantado no próximo ano e
seja obrigatório.
Um
dos principais pontos a ser analisado é a governança política. Neste quesito, o
Ministério pretende fazer as entidades esportivas entenderem que o melhor é
limitar o tempo de mandato, acabando com a perpetuação dos dirigentes no poder.
“Esse
é um tema que tem muito peso. Claro que não vamos obrigar ninguém a mudar o
estatuto, mas quem não alterar, pontuará de forma negativa no quesito.
Dependendo da pontuação final, o governo vai definir o valor do repasse de
recursos, assinatura de contratos e definição de metas”, explicou o secretário.
Neste
ponto, Leyser fez elogios à Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt). Em
fevereiro de 2011, a entidade mudou seu estatuto, limitando para apenas uma
reeleição. Há 25 anos no poder, Roberto Gesta de Melo sairá no fim deste ano.
O
Sistema Nacional de Análise e Avaliação
de Modalidades:
O
que é
Tem
duas vertentes: uma avalia os pontos críticos e favoráveis de cada entidade. A
outra é um questionário que permite radiografar o desempenho de cada
confederação em diversos pontos.
Como
funciona
A
avaliação dos pontos críticos é realizada por meio da matriz Swot, conhecido
instrumento de gestão que em inglês significa “identificação das forças e
fraquezas, ameaças e oportunidades”. O questionário produz um sistema de
acumulação de pontos ao estilo dos programas de milhagem, cujo resultado influenciará
na relação da entidade com o governo federal.
O
questionário
É
formado por 10 aspectos: governança política (tempo de mandato e o tamanho do
colégio eleitoral); governança corporativa (auditorias, fontes de receita);
governança esportiva (controle de doping, divisão de categorias, calendário de
competições); tecnologia da informação (investimento e acesso a informações);
infraestrutura; os programas governamentais (convênios e atletas bolsistas);
marketing; atuação esportiva; histórico de resultados; e tradição no esporte.
Bate-Bola:
Secretário
nacional de Esporte de Alto Rendimento, Ricardo Leyser, em entrevista ao
LANCENET!
Por
que o Ministério do Esporte decidiu criar essa ferramenta?
Nossa
intenção é sinalizar os pontos críticos para a melhoria da gestão, ao mesmo
tempo em que destacamos os aspectos positivos. Para o Ministério, é vital
entender profundamente o esporte e monitorar estes fatores para apoiar o
desenvolvimento das modalidades.
Um
dos pontos analisados é a alternância do poder. Nesta questão, o senhor fez
muitos elogios à Confederação Brasileira de Atletismo, que já alterou seu
estatuto para apenas uma reeleição.
Óbvio
que as entidades são autônomas e não cabe ao Ministério do Esporte impor
comportamentos e regulamentos, mas estou satisfeito com o processo de
convencimento que se inicia, e espero que haja sensibilidade de todo o
segmento.
Esta
reportagem foi publicada no jornal O Lance de terça-feira, 2/10.
Nenhum comentário:
Postar um comentário